O boletim do Instituto Claro desta semana traz uma matéria publicada no último dia 6/1 sobre o III Encontro Brasileiro de Educomunicação, realizado no início de dezembro do ano passado. O foco da informação é o ciclo de 10 anos, ou a Década da Educomunicação, tema do primeiro painel do evento e assunto debatido por algumas das maiores referências no assunto.
Uma delas, o professor Ismar Soares, da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, destacou que o educomunicador está cada vez mais presente na realidade brasileira. Soares conversou com o Instituto Claro durante o evento. Entre algumas observações importantes, o pesquisador destacou que desde que a Lei Educom foi criada na cidade de São Paulo, órgãos de administração pública passaram a incentivar projetos e ações em educomunicação.
Alguns projetos padecem ainda com longos momentos de descontinuidade. Iniciativas em menor escala já solidificaram o conceito os princípios, mas a dificuldade em manter a qualidade nas experiências envolvendo muitas escolas mostra que, mesmo nos grandes projetos, é necessário manter certas características de projetos pequenos. Este é um argumento defendido por Fernando Rossetti, no livro Mídia e Escola (2005).
De acordo com o autor, por exemplo, no lugar de capacitar a esmo toda uma rede e distribuir para todas as escolas equipamentos de comunicação – em uma abordagem mais universal -, talvez seja melhor identificar comunidades estáveis, que tenham perfil ou demanda de um tipo específico de trabalho, e focalizar mais os processos de formação e distribuição de equipamentos. Isso tende a melhorar a relação investimento versus resultados.
Na avaliação de Ismar, a participação de autoridades públicas no processo é essencial para a expansão do conceito. Particularmente, quando vejo a combinação de “autoridades públicas” e “expansão de conceito” em uma mesma frase, acende a luz amarela indicando cuidado. Mesmo considerando o natural desenvolvimento do conceito, “manter certas características de projetos pequenos”, para mim, faz mais sentido. Mas Soares afirma que o objetivo é que o Brasil tenha pelo menos um educomunicador em cada município até o ano de 2021, e isso está em perspectiva porque o conceito vem sendo trabalhado de forma multidisciplinar, em diferentes áreas.